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Dirigente Espiritual de Umbanda, iniciou na Umbanda no ano de 1997, filho carnal de dirigentes umbandistas. Fundador da Casa de Umbanda Lar de Sá Maria - Comunhão da Luz, inaugurado no dia 20 de janeiro de 2009, também dirigido por Madrinha Camila Pavão.

domingo, 12 de junho de 2022

POR QUE POMBA GIRA? (Por Carlos Catucá)

 


POR QUE POMBA GIRA?
Por Carlos Catucá.

A maioria das pessoas já ouviu falar da entidade espiritual que se manifesta em diversos segmentos religiosos afro-brasileiros, a Pomba Gira. Nesse texto, não falarei sobre essa querida entidade nos aspectos espirituais, o texto será referente a palavra "Pomba Gira"; de onde surge essa palavra e o que ela significa?

Por que Pomba Gira?

Tanto na cultura dos segmentos afros como os indígenas, a oralidade é uma das ferramentas mais eficazes para se compartilhar saberes, ou seja, todos os tipos de conhecimentos. Essa cultura estimula a comunidade praticar e vivenciar o dia a dia dos rituais, dos trabalhos, dos preparativos e outros; sendo assim, algumas palavras tanto das aldeias indígenas como das nações africanas foram distorcidas no Brasil, dando indícios para corruptelas que se tornaram em novas palavras com outros significados, é o caso de "Pomba Gira".

O povo Bantu (Kongo-Angola) foi o primeiro a ser trazido para o Brasil em propósito da escravidão, desta maneira, com ele também adveio segmentos, culturas, línguas e outros. Dentre as crenças religiosas, existe um grupo de divindades do panteão Bantu que são denominadas pela língua Kimbundu como "Inquices" e "Mukixis" (aportuguesando as palavras), nesse grupo existe uma divindade masculina referente aos caminhos que se chama "PAMBU NJILA", ao qual soa na pronúncia muito próximo de "Pambunjila" e algumas pessoas pronunciam como "Pambungira"

Sim, mas porque assimilaram essa divindade masculina a uma guardiã feminina?

Duzentos anos após a vinda dos Bantos para o Brasil, chegaram os povos do panteão Nagô/Yorubá, digamos que esses povos presenciaram uma fase mais "frouxa" da escravidão, onde puderam manter seu idioma com um pouco mais de liberdade, já que os idiomas do povo Bantu foi mantido em apenas algumas palavras dentro das culturas religiosas. Os Nagôs espalharam entre a cultura afro no Brasil a língua Yorubá, a qual faz presença até hoje em diversos segmentos, até mesmo os que nada tem a ver com os povos do panteão Nagô/Yorubá. Muitas outras culturas africanas no Brasil adotaram palavras da língua Yorubá como uma espécie de sincretismo, assimilando suas divindades e espíritos as divindades dos povos nagôs, divindades essas que são conhecidas como Orixás.

A Umbanda fez uma grande assimilação linguística entre seus espíritos mentores e as divindades do panteão Nagô/Yorubá, ou seja, os orixás. Os guardiões, que são espíritos mentores cujo se manifestam na Umbanda no aspecto masculino, foram assimilados linguisticamente ao Orixá masculino Yorubá, ESÙ (Exu). Com a adaptação sincrética da língua yorubá em outros segmentos afro-brasileiros, alguns praticantes do Candomblé de Angola (dos bantos) chamavam suas divindades com o nome das divindades dos nagôs, com isso, a divindade masculina "Pambu Njila" passou a ser chamada de "Exu", ou seja, dentro do culto se saudava Exu, mas, cantava para Pambu Njila.

Em algum momento, o umbandista viu e escutou essa situação e então deduziu que Pambu Njila seria o feminino de Exu, justamente por ser um nome que soa como feminino, mesmo sendo masculino. Desta maneira, se o guardião era chamado de Exu, o umbandista denominou a guardiã de "Pambu Njila". Entretanto, sem saber o que era definitivamente a divindade Bantu Pambu Njila, alguns umbandistas por conta da oralidade começaram a chamar de "Bambugira", outros de "Bombagira" e os demais de "Pomba Gira".

Eis que então, surge a denominação para o espírito mentor, a Guardiã da Umbanda e de outros segmentos, Pomba Gira.

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